A Quaresma
Algumas notas oportunas da Carta Circular sobre as Festas Pascais
«A caminhada anual de penitência da Quaresma é o tempo de graça durante o qual se sobe à santa montanha da Páscoa». «O tempo da Quaresma, com a sua dupla característica, prepara quer os fiéis quer os catecúmenos em ordem à celebração do mistério pascal. Os catecúmenos encaminham-se para os sacramentos da iniciação cristã tanto por meio da eleição e dos escrutínios, como pela catequese; os fiéis, por sua parte, dedicando-se com mais assiduidade a escutar a Palavra de Deus e a uma oração mais intensa, e mediante a penitência, preparam-se para renovar as suas promessas baptismais».
Durante a Quaresma há que organizar uma catequese para aqueles adultos que, baptizados quando eram crianças, não a tenham recebido, e que ainda não tenham recebido a Confirmação e a Eucaristia. Ao mesmo tempo, estabeleçam-se celebrações penitenciais, que os levem a receber o Sacramento da Reconciliação (RICA, cap. IV, sobretudo nº 303).
Os Domingos da Quaresma têm precedência sobre todas as festas do Senhor e sobre todas as solenidades. Deve ministrar-se, sobretudo nas homilias do Domingo, a catequese do mistério pascal e dos sacramentos, explicando com maior profundidade os textos do Leccionário e, de modo especial, os trechos evangélicos que aclaram os diversos aspectos do Baptismo e dos demais sacramentos, bem como da misericórdia de Deus.
Os pastores exponham a Palavra de Deus mais a miúdo e com maior empenho, nas homilias dos dias feriais, nas celebrações da Palavra de Deus, nas celebrações penitenciais, nas pregações especiais próprias deste tempo, nas visitas que façam às famílias ou a grupos de famílias para a sua bênção. Os fiéis participem mais frequentemente nas Missas feriais e, se isso não lhes for possível, serão convidados para ao menos ler, em família ou privadamente, as leituras do dia.
«O Tempo da Quaresma conserva o seu carácter penitencial». A virtude e a prática da Penitência continuam a ser elementos necessários da preparação pascal: a prática externa da Penitência, tanto dos indivíduos como de toda a comunidade, há-de ser o resultado da conversão do coração. Esta prática, se bem que deva acomodar-se às circunstâncias e exigências do nosso tempo, entretanto não pode prescindir do espírito da penitência evangélica e há-de orientar-se também para o bem dos irmãos. Não se esqueça a participação da Igreja na acção penitencial e insista-se na oração pelos pecadores, introduzindo-a frequentemente na oração universal.
Recomende-se aos fiéis uma participação mais intensa e frutuosa na liturgia quaresmal e nas celebrações penitenciais. Exortem-se, sobretudo, para que, segundo a lei e as tradições da Igreja, se abeirem, neste tempo, do sacramento da Penitência e possam assim participar de alma purificada nos mistérios pascais. É muito conveniente que o sacramento da Penitência se celebre, durante o tempo da Quaresma, segundo o rito para reconciliar vários penitentes com confissão e absolvição individual, tal como vem indicado no Ritual Romano. Os pastores estejam mais disponíveis para o exercício do ministério da reconciliação, e dêem facilidades para celebrar o sacramento da Penitência ampliando os horários para as confissões individuais.
«Durante a Quaresma é proibido adornar o altar com flores e os instrumentos musicais só são permitidos para sustentar o canto», como convém ao carácter penitencial deste tempo. Do mesmo modo, desde o princípio da Quaresma até à Vigília Pascal não se diz Aleluia em nenhuma celebração, incluídas as solenidades e as festas. Os cantos das celebrações, especialmente da Missa, mas também dos exercícios de piedade, devem ser conformes ao espírito deste tempo, e corresponder o mais possível aos textos litúrgicos.
Fomentem-se os exercícios de piedade que melhor correspondem ao carácter do tempo da Quaresma, como a «Via Sacra», e estejam imbuídos do espírito da Liturgia, de modo a conduzirem os fiéis à celebração do mistério pascal de Cristo.
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